sábado, 13 de agosto de 2005

fala à vontade

passei por lá, e não me limitei a atravessar de ponta a ponta, percorri os ínvios caminhos pelo interior desse enorme campo de letras que foi sendo semeado, cultivado e tratado ao longo do fio dos dias, colhendo excelentes 'frutos' de palavras que realmente são mais do que pão para a boca, são pão para a alma, e que no entando não sacia essa fome de sentimentos, pelo contrário, anseia-se por mais e mais... bem haja

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

sr. certinho vs caseiro

sr. certinho foi como alguém se dirigiu para mim.

não pude deixar de entender este epíteto completamente deslocado, ainda vindo de quem veio.

compreendo-o, de algum modo, mas concedendo-lhe uma margem de veracidade muito exígua, passe a redundância (1).

por outro lado, é o exemplo acabado de que se chega a rótulos imediatistas tão imprecisos quanto ridículos, e leva-me um pouco mais longe, pressupondo uma analogia global e genérica:

o mundo é o palco da vida em que todos somos actores, ora principais, secundários, ou meramente figurantes, dependendo das situações, no tempo e no espaço, e ainda numa outra dimensão que se refere ao social, entendendo esta última dimensão no que respeita aos destinatários das acções sejam no papel de intervenientes na cena ou de meros espectadores.

em todo o caso, um mesmo indivíduo pode assumir todos os valores possíveis numa gradação de valorização da importância da sua representação, dependendo do ponto de observação, ou se se quiser chamar, numa figura cartesiana, dependendo do ponto de origem.

mas mais do que isto, estamos presentes numa grande peça, mas desempenhando diferentes papéis, ou melhor dito, num sistema de peças, entrando em várias sub-peças que constituem as suas diferentes partes.

deste modo, cada indivíduo tem do outro, não a sua exacta correspondência enquanto indivíduo mas sim uma representação, um papel, uma parte do sistema, que pode ser mais ou menos superficial, ou mais ou menos próxima do sistema no seu todo (sendo que o sistema no seu todo não existirá, ou talvez melhor dito, tenderá para o infinito).

e aqui neste jogo de representações há de tudo, desde representações naturais, a representações dissimuladas, a representações forçadas, a representações voluntárias e involuntárias, e a cada instante os indivíduos poderão de alguma forma regular o seu grau ou a sua postura de actuar, fornecendo representações minimalistas, através de pequenas partes do sistema, ou através de representações mais consentâneas com o aproximar do todo.

é não perceber a relatividade da representação da vida real, e o papel de cada um tem, para consigo próprio e em relação aos outros actores, que casos caricatos como este surgem.

infelizmente ou felizmente, vá-se lá saber…

(1) [para o melhor entendimento da origem desta compreensão e do seu grau de valorização seria necessário um desbravar por assuntos que no caso não se inserem no âmbito do que aqui vai aparecendo, inclusive, este próprio ‘post’ já poderá parecer excessivo…]